20 de abril de 2010

ESPECIAL FÓRCEPS - Cobertura Conexão Vivo - 10 anos

18/04 ( 4º DIA) - Parque Municipal
Texto por Paim/Fotos por Paula Bainha

O Burro Morto começa a “Invasão Paraíba” no domingo no parque. Daqui a pouco explico. A psicodelia contemporânea do grupo instrumental foi chamado por alguns da platéia de “meio lounge” mas talvez fosse o final de domingo. Se fosse de manhã o parque ficaria ainda mais colorido.
A apresentação de Indiada Magneto com Érika Machado, Cecília Silveira, Deco Lima, Proa, Vulgari, Leopoldo Curi, Flávio Lima e Naíssa Rajão foi interessante não só por proporcionar um panorama da boa e nova música produzida na capital mineira, mas também por um certo ponto de vista: assistimos ali a história de um músico e produtor competente, dono de belo currículo e vimos o quanto sua música e concerto são influenciados pelas pessoas e artistas com quem ele trabalhou. Não sabemos onde Daniel Saveedra quer chegar com o Indiada, mas uma apresentação com a de domingo nos mostra que ele (desconhecido de vários da platéia) e os artistas que o acompanharam no palco já estão, entre eles, em algum lugar.
A cozinha da banda de Gilvan de Oliveira deixa um espaço hamônico vazio pra que ele se contorça, faça uma careta pra platéia, quase feche os olhos e, em êxtase, pince na sua semi acústica um acorde com sétima daqueeeles...e o mar de timbres perpetua-se lento. Entre indas e vindas dos palcos, cerveja, danças e festa, o público naturalmente disperso de um festival como o Conexão teria dificuldade pra absorver um blues-samba-jazz do violonista mineiro. Mas esse acorde com sétima e todo o feeling que o envolveu puxa imediatamente qualquer espectador para esse universo em que cada lenta nota é gigante em sua posição e saboreada com muitas mastigadas. O mestre Paulo Moura e sua clarineta cortam os acordes de Gilvan para violão e sopro se encontrarem no fim. No fundo, aparece o mostro da bateria Neném, junto com uma vontade de Jimi Hendrix estar vivo para propor um “Neném convida”. Assim como cada nota em seu lugar, o show de Gilvan e sua espetacular banda foi, para o festival, tão bem colocada quanto necessária.
Então aparece o Cabruêra. A frenética performance do vocalista Artur é parte fundamental na retórica da “Invasão Paraíba”. Lembra? Pois é! Folias são entoadas pelo público, que, liderado por Artur, dança em roda ao final da apresentação enquanto a banda, numa jam drum & bass/ funkeada nos remete a uma visão renovada no Mangue Beat, que é uma visão renovada do Tropicalismo, que é uma visão renovada da Antropofagia modernista.....
momentos de ska com solo de “violão tocado com caneta bic como se fosse uma rabeca” ampliam o espetáculo. Fazer o quê ao fim do show? Procurar o cd do Cabruêra. E ao comprá-lo você ganha o quê? Uma coletânea de artistas paraibanos tipo exportação. Invasão consumada, cidade conquistada.




Pra terminar, o Zé da Guiomar e o Baque Trovão apelaram para a fórmula acertada de um fim de noite em Belo Horizonte, cidade onde o samba e os ritmos afro-brasileiros são absurdamente cultuados: botar o povo pra chacoalhar. E assim, o Conexão manteve o caráter festa numa noite com tanta música até então inédita para os belorizontinos.


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