17 de abril de 2010

ESPECIAL FÓRCEPS - Cobertura Conexão Vivo - 10 anos

16/04 (2º DIA) - Parque Municipal
Texto por Paim


A segunda noite no Parque Municipal do Conexão Vivo 2010 reforçou a vocação do festival para a fórmula festa/ diversidade musical/ apresentação de artistas. A grande concentração de pessoas em frente ao banner principal que mostrava a programação do evento sugeria que muita gente tinha entrado no local simplesmente sem saber o que ia acontecer.
Vítor Pirralho empolgou os primeiros presentes ajudando a esquentar uma noite que prometia ser fria, mas que acabou deixando muita gente de agasalho na mão (a exemplo deste que vos escreve).

O alagoano levantou outra bola da “trinca” citada acima: a diversidade. O som dele é o quê, afinal? Rap regional, numa definição grosseira? Bom, ali rótulos não importam e o início grooveado da banda seguinte, o Radiola enterraria o assunto, principalmente na medida em que da metade para o fim do show, algumas composições do grupo baiano demonstravam uma forte inspiração pop-rock. Um pouco mais frios do que pareciam no release, o Radiola preparou um terreno propício no ânimo da platéia pra que Juarez Maciel & grupo Muda ao lado do trombonista Bocato debulhassem seu samba jazz ácido - cá estou again com rótulos, mas definir música com palavras é difícil, sugiro que vocês ouçam os artistas!

Performances instrumentais impecáveis para o deleite dos ouvidos mais detalhistas e a malemolência rítmica pra fazer gingar quem tava querendo isso mesmo. Ponto alto da noite. Banda perfeita para o festival, cuja curadoria vem acertando em não repetir escolhas passadas e submeter gênios como a Arrigo Barnabé a situações como tocar suas operetas urbanas no piano tendo ao fundo de milhares de pessoas conversando. Não ali no parque. Num teatro, melhor.

Enfim. Bocato, no seu início e apogeu como músico de Ney Matogrosso e Elis Regina, viveu a era do ouro dos discos vendidos aos milhões, do músico tocando, empresário empresariando e das gravadoras brigando por contratos.

Pois o artista em seqüência, o mais esperado da noite, vem se tornando uma espécie de exemplo de longevidade em um cenário diferente do de antes.
Wado tem cindo discos. Ele me explica no camarim que o recente contrato com o Pimba, selo de Ronaldo Bastos, aparece em primeiro momento para promover uma maior distribuição, manobra ainda difícil para um artista que se auto-gere. A fusão é uma notável amostra da cadeia produtiva dos nossos tempos – o aparato logístico/técnico da indústria em favor da liberdade de produção artística do cantor independente.

Voltamos aos palcos, espaço dominando pelo cantor alagoano, que vende bem seu peixe, acompanhado com entusiasmo pelos fãs, em grande número na grama do parque. A apresentação segura de Wado certamente conquistou mais adeptos, talvez alguns daqueeeles que estavam olhando a programação da noite no banner lembra?

Depois de tanta informação nova assimilada, caíram bem para um fim de noite as versões percussivamente enriquecidas do baiano Jauperi para clássicos de Legião Urbana, Gilberto Gil e Zeca Baleiro. Talvez o artista que mais se aproximou do público, o baiano conseguiu, frente a tantos presentes mais interessados na “balada”, fazer o público ir embora lembrando das músicas ouvidas.

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