28 de abril de 2009

Histórica festa do CMMI e Fomentando a Cena #4

"Histórico" foi a descrição feita por um músico mineiro que minutos depois disputava um cartaz do evento com uma famosa produtora local. E ele não exagerava nem estava sozinho na constatação. Na casa de shows Matriz o que se via eram 150 pessoas perplexas com o que tinham presenciado. Enquanto alguns lembravam há quanto tempo não viam algo parecido na cidade, outros já lamentavam a impossibilidade de repetir a dose: "Macaco bong e Burro Morto juntos em BH de novo? Quando vai acontecer isso? Nunca mais..."

A verdade é que o CMMI chegou a Belo horizonte com o pé na porta. Depois de ter viajado junto com o Conexão Vivo por cidades do interior e realizado festas em Uberlândia e Montes Claros, a rede mineira de fomento à música independente, que reúne coletivos de nove cidades mineiras, deu as caras na capital do Estado reunindo duas bandas que atualmente representam a nata da cena musical brasileira. Muito mais que grandes nomes da cena instrumental ou da cena independente, Macaco Bong e Burro Morto são expoentes de tudo o que há de melhor na produção musical do país na segunda metade dessa década conturbada e de tantas mudanças.

Falar bem do show de ambas as bandas é ecoar o que já foi e é dito em dezenas de veículos de comunicação pelo país afora. Não é de hoje que o Macaco Bong vem promovendo catarses em suas apresentações ao vivo pelo país afora e, embora o show do Conexão tenha sido certamente o maior já feito pela banda em Belo Horizonte, foi no Matriz que o bicho pegou de verdade.

O lançamento do disco "Artista igual pedreiro" (eleito o melhor álbum de 2008 pela Rolling Stone) e os recentes shows no exterior só expandiram o respeito que o grupo vem conquistando desde 2005, quando se formou em Cuiabá - cidade que o coletivo Cubo, do qual a banda faz parte, colocou no mapa da música nacional. Hoje o Macaco representa um novo modelo de músico que sabe que fazer um som de qualidade é nada mais que a obrigação do artista e que no atual cenário é necessário ajudar a construir a cena, atuando de diversas formas em diversos setores da cadeia produtiva.

Acostumados a pegar no pesado (a banda trabalha na sonorização e na comunicação do coletivo Cubo e no Circuito Fora do Eixo) o Macaco Bong veio a Belo Horizonte originalmente para participar do festival Conexão Vivo no sábado (18). Depois de uma rápida negociação via msn o grupo já tinha agendado um "Fomentando a Cena", promovido pelo coletivo Fórceps em Sabará no domingo, e um show na festa do CMMI na segunda. No intervalo entre um compromisso e outro ainda deu um pulo no estúdio do coletivo Pegada para dar uma mão na estruturação do lugar.

Enquanto o Macaco Bong fazia seu quinto show em Belo Horizonte (a banda já havia tocado no Campeonato de Surf, no Garimpo, na Obra e no Minas Instrumental, além do Conexão Vivo), o Burro Morto estreava na capital mineira, já que seu show no Conexão Vivo seria no dia seguinte. Com influências psicodélicas e de afro-beat, a banda paraibana já deu um grande passo na cena musical nacional com o lançamento de dois EPs, a inclusão de uma faixa na coletânea da revista Mais Soma e a aprovação no projeto Pinxinguinha para gravar o disco de estréia ainda este ano.


Fomentando a Cena #4

A quarta edição do Fomentando a Cena (projeto desenvolvido pelo Fórceps que comporta oficinas, seminários e diversas ações que extrapolam os shows) dessa vez contou com a banda Macaco Bong. Maior vitrine da ideologia "artista igual pedreiro", o grupo hoje representa o que há de mais motivador na cena musical independente brasileira.

O exemplo do Espaço Cubo, coletivo do qual o Macaco Bong faz parte, tem fomentado a formação e desenvolvimento de coletivos Brasil afora. Suas ações e a própria idéia do Cubo Card vem inspirando cada vez mais o movimento na cena, trazendo novas ações e novas idéias.

O bate-papo rolou no domingo (19), na casa dos integrantes do Fórceps, Leo Santiago e Marcelo Santiago, contando com a presença de integrantes do Fórceps, de bandas locais, simpatizantes da cena e blogueiros. Assuntos como a formação de público e a necessidade de se linkar as diferentes áreas da cadeia produtiva independente rechearam a conversa que ainda reafirmou a necessidade da comunicação entre os atores da cena para a sua manutenção.

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